Inverossímil
Liane apertava os olhos com força imaginando que não passara tudo de mero sonho. Gotículas de água fresca rebatiam sobre sua pele delicada assim como o vento embaraçava seus cabelos. Mas não sentia frio. Não sentia medo. Sentia vida. O frescor de quem está intenso outrora tranqüilo. Doce perfume de uma manhã solar.
Ao olhar, o que contemplava não era passível de descrição. Como comparar o que não contava de um exemplar entre os mortais! Era a idealidade. Utopia perfeita e verossímil da qual havia sido eleita a participar.
As águas desciam do cume de uma montanha estrondosa que mais parecia esculpida, não por humanidade alguma, talvez pela naturalidade aquática, talvez por quem estivesse além de suas fronteiras. O bordeamento era feito de flores grandes, selvagens e amiúdas. Liane ainda imóvel começa a respirar a plenitude daquele lugar.
Uma pontada subitamente aperta-lhe o peito. Não havia feito nada que a tornasse merecedora do sublime! Buscando em sua memória falida, lembrou-se de que fora boa, mas nunca perfeita de fato. Talvez nem boa fosse um adjunto adequável à menina; cabia-lhe melhor o título de humana. E a humanidade não poderia habitar o perfeito, adornaria com imperfeição sua superfície.
A dor que se segue a descoberta aproxima a desesperança. O inalcançável reproduz a derrota antes mesmo que esta se anuncie. Quando volta à sua realidade descobre que nem tudo era tão belo assim. Não no seu mundo ideal, perfeito. Lá a beleza conjugava-se ao existir. Aqui, a ordinariedade das coisas era o mais comum.
Não podia ir ao seu mundo ideal, não desejava mais sua terra humanizada.
Esfrega os olhos e não acredita: uma ponte estreita que ela não tinha dúvidas do destino. Idealidade. Realidade. Era uma eleita entre a humanidade.
Enquanto caminhava, entretanto, percebia que a ponte era mais longa que o que seus olhos contemplavam, muitas vezes seguida de pequenas quedas e arranhões. O que mais lhe motivava era perceber que nunca estava sozinha em sua ponte. E que embora longo, a estrada ao infinito era dotada de finitude.
Liane agora firma o olhar. Sabe para onde vai.
Ao olhar, o que contemplava não era passível de descrição. Como comparar o que não contava de um exemplar entre os mortais! Era a idealidade. Utopia perfeita e verossímil da qual havia sido eleita a participar.
As águas desciam do cume de uma montanha estrondosa que mais parecia esculpida, não por humanidade alguma, talvez pela naturalidade aquática, talvez por quem estivesse além de suas fronteiras. O bordeamento era feito de flores grandes, selvagens e amiúdas. Liane ainda imóvel começa a respirar a plenitude daquele lugar.
Uma pontada subitamente aperta-lhe o peito. Não havia feito nada que a tornasse merecedora do sublime! Buscando em sua memória falida, lembrou-se de que fora boa, mas nunca perfeita de fato. Talvez nem boa fosse um adjunto adequável à menina; cabia-lhe melhor o título de humana. E a humanidade não poderia habitar o perfeito, adornaria com imperfeição sua superfície.
A dor que se segue a descoberta aproxima a desesperança. O inalcançável reproduz a derrota antes mesmo que esta se anuncie. Quando volta à sua realidade descobre que nem tudo era tão belo assim. Não no seu mundo ideal, perfeito. Lá a beleza conjugava-se ao existir. Aqui, a ordinariedade das coisas era o mais comum.
Não podia ir ao seu mundo ideal, não desejava mais sua terra humanizada.
Esfrega os olhos e não acredita: uma ponte estreita que ela não tinha dúvidas do destino. Idealidade. Realidade. Era uma eleita entre a humanidade.
Enquanto caminhava, entretanto, percebia que a ponte era mais longa que o que seus olhos contemplavam, muitas vezes seguida de pequenas quedas e arranhões. O que mais lhe motivava era perceber que nunca estava sozinha em sua ponte. E que embora longo, a estrada ao infinito era dotada de finitude.
Liane agora firma o olhar. Sabe para onde vai.